19 de Setembro, 2024

Governo de Roraima promove resgate da cultura e do patrimônio do Estado com a revitalização de prédios históricos

Casa da Cultura Madre Leotávia Zoller foi restaurada mantendo aspectos originais da década de 40. — Foto: Secom-RR

Renovada pelo Governo, Casa da Cultura é referência histórica e patrimonial de Roraima

A conselheira Petita Brasil possui atuação reconhecida em prol da preservação de locais históricos e da promoção cultural em Roraima. Atualmente ela faz parte do Conselho Estadual de Cultura e nutre uma antiga relação afetiva pelo contato profissional e pessoal ao longo dos anos com a Casa da Cultura Madre Leotávia Zoller.

Construído na década de 1940 por Milton Miranda e depois vendida ao Governo do Território Federal de Roraima, o prédio da Casa de Cultura está ligado diretamente ao processo histórico de implementação do Território Federal do Rio Branco, criado em 1943.

“Minha ligação com cada patrimônio é muito grande porque vi nascer muitos desses espaços. Venho acompanhando passo a passo cada movimento para que a cultura local seja renovada e nossa memória seja resgatada. Como criança, frequentei muito aquela casa (da Cultura) e tomei muito banho naquela fonte. Não só passei por lá. Eu vivi e eu senti esse espaço”, diz.

Hoje a conselheira, assim como toda a população, pode desfrutar de um espaço que teve toda a área de 430,31 m² restaurada com elementos originais da década de 1940, que contemplou área de exposição temporária e exposição permanente, área do café, jardim com vários tipos de plantas e flores, banheiros e vestiários masculinos e feminino, banheiros para PCDs (pessoas com deficiência), administração, depósito, terraço e sacada.

Com ordem de serviço assinada em dezembro de 2023 e conclusão prevista para o segundo semestre de 2024, a obra foi concluída rigorosamente dentro do cronograma estabelecido. O espaço já havia sido tombado como patrimônio histórico de Roraima pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1994, e por isso as obras de restauro receberam a anuência e foram acompanhadas pelo órgão.

A restauração do Governo de Roraima também incluiu cuidados com o acervo da Casa da Cultura, que conta com relíquias guardadas por décadas, como cédulas de cruzeiros da década de 1940, na fundação, além de utensílios de escritório, mobiliário e até documentos antigos. A Secretaria de Infraestrutura (Seinf) manteve as características originais do ambiente após a restauração, como explica o vice-governador de Roraima e secretário de Infraestrutura, Edilson Damião.

“O Governo teve todo o cuidado de manter a originalidade na Casa da Cultura e a mesma coisa a gente está fazendo no Teatro Carlos Gomes e também estamos recuperando o Palácio da Cultura. São investimentos feitos através de emenda parlamentar e contrapartida do estado de quase R$ 5 milhões nessas três obras. Uma delas nós já entregamos que foi a Casa de Cultura e logo vamos entregar o Palácio da Cultura e o Teatro Carlos Gomes”, afirma Damião.

Teatro Carlos Gomes voltará a receber apresentações e espetáculos artísticos importantes

As memórias de outro espaço cultural a ser recuperado pelo Governo de Roraima também estão vivas para outra personalidade renomada de Roraima, o professor universitário Aimberê Freitas, autor de obras que falam sobre a geografia e a história do estado.

“Nasci em 1946 aqui em Roraima e minha formatura do antigo colegial (ensino médio) foi no Teatro Carlos Gomes, onde fui o orador da turma. Era um espaço que estava completamente em ruínas e foi preciso uma reforma completa como a que o Governo está fazendo, e creio que vai ser fundamental para fortalecer toda a atividade cultural no estado”, avalia o professor e memorialista.

Construído no final da década de 1940, O Teatro Carlos Gomes foi o primeiro espaço destinado para espetáculos artísticos em Roraima. O prédio foi construído pelo governador do território à época, Clóvis Nova da Costa, no final da década de 1940 e era muito ativo nas décadas de 1950 até o início da década de 1980, onde também foi palco de apresentações de estudantes.

O Governo de Roraima busca não apenas preservar o legado do teatro e outros prédios, mas também fortalecer as raízes que os conectam gerações, como explica o secretário de cultura, Jaffé Oliveira.

“É um resgate da história da população roraimense, da nossa origem. Roraima tem a peculiaridade de ser um lugar ainda pequeno em termos de população, e as famílias pioneiras estão vinculadas diretamente à formação do estado. Então o trabalho de recuperar esses espaços é sim uma forma de manter a nossa memória viva”, ressalta Jaffé.

As obras em andamento não só prometem devolver a beleza arquitetônica dos espaços restaurados, mas também abrir novas oportunidades para a promoção da arte, música e tradições locais, inspirando um futuro onde o passado cultural brilha com uma nova vitalidade.

A reforma, modernização e ampliação do espaço do teatro, de 569,25 m², prevê salas de camarim, sala de ensaio/preparação, espaço com 80 lugares, banheiros para PCDs (pessoas com deficiência), masculino e feminino, administração, bilheteria, sala de equipamentos e cenário.

Antes da reforma, o teatro estava fechado desde 2008, quando completou 16 anos sem receber manutenção. Aimberê conta que durante este intervalo, o local tinha um cheiro forte, que assustava quem passava por perto, os portões estavam enferrujados e todo o espaço estava como lodo, mato alto e com a estrutura completamente danificada.

A reforma e ampliação do Teatro Carlos Gomes está orçada em R$ 1,9 milhão oriundos de emenda parlamentar e contrapartida do Governo do Estado. Além da reforma e ampliação, o teatro receberá toda infraestrutura de acessibilidade. A obra está em andamento e a previsão é que seja concluída em agosto.

Ainda conforme o professor, a finalização das obras de restauro da Casa da Cultura e de revitalização do Teatro Carlos Gomes e do Palácio da Cultura serão importantes não apenas do ponto de vista cultural, mas para ajudar a revitalizar o Centro de Boa Vista.

“A (avenida) Jaime Brasil, onde fica a Casa da Cultura, foi a primeira avenida de Boa Vista e tem muita história e um potencial turístico muito grande a ser explorado, mas hoje está degradada. A Casa da Cultura já renova os olhares para a região, e com o teatro e o Palácio teremos um conjunto de espaços culturais para atrair mais pessoas para aproveitarem o Centro como lugar de entretenimento e não apenas de passagem”, observa Aimberê.

Palácio da Cultura voltará a abrigar acervo da maior biblioteca do estado

Outra reforma em andamento é do Palácio da Cultura Nenê Macaggi, ao lado do Centro Cívico de Boa Vista. A obra, orçada em R$ 1,6 milhão, originários de emenda parlamentar, está prevista para ser finalizada em novembro deste ano.

O espaço foi inaugurado em agosto de 1993, na gestão do então governador Ottomar de Sousa Pinto para atender as atividades culturais.

Com área total de 3.394,76 m², a revitalização do espaço contempla manutenções no auditório de 300 lugares, no camarim, na sala vip, na galeria, nas salas dos secretários, biblioteca e na área de leitura infantil. O novo espaço será ampliado e ganhará estrutura mais reforçada para comportar toda a estrutura da Secult, além da Biblioteca Pública de Roraima, que é a maior do estado e possui um grande acervo de obras para consulta e empréstimo.

Com a reforma o espaço também vai ter melhores condições para ser palco de oficinas de teatro e artesanato, exposições artísticas, fotografia, cerâmica e artes plásticas. Além de abrigar feiras, mostras e eventos que promovem a cultura.

Para Freitas, a reforma desses espaços será fundamental sob dois aspectos: “Roraima já ganha no presente com a preservação da memória e do patrimônio para que as gerações mais novas tenham referências concretas sobre as manifestações culturais de Roraima, mas certamente irá possibilitar que novos movimentos e entidades culturais surjam ao longo do tempo, não fortalecendo só a cultura, mas promovendo o turismo e a economia”, finaliza o professor.